Imortais do Bioagro: o impacto e o pioneirismo de Elisabeth Fontes na Biologia Molecular Vegetal
A trajetória da professora Elizabeth Fontes representa um marco de excelência e inovação na ciência brasileira e internacional, destacando a pesquisadora como uma referência de inovação e excelência. Sua trajetória profissional, desenvolvida na Universidade Federal de Viçosa (UFV), é notável também por suas contribuições essenciais ao Bioagro.
Formada em Engenharia de Alimentos em 1979 pela UFV, a pesquisadora alcançou o título de mestre em 1982 pela mesma instituição e, em 1991, obteve o doutorado em Biologia Molecular pela North Carolina State University (NCSU), Estados Unidos, sob orientação da professora Rebecca Boston. Prosseguiu com pós-doutorado e consultoria científica na NCSU, onde realizou pesquisas inovadoras em biologia molecular vegetal, especialmente na identificação de chaperones moleculares e no mecanismo de replicação de geminivírus.
Atualmente, Fontes é coordenadora do Laboratório de Biologia Molecular de Plantas e professora Titular na UFV, vinculada ao Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular. Em 2003 e 2004, realizou uma licença sabática no Salk Institute for Biological Studies, dedicando-se a estudos em sinalização celular e genômica funcional.
Suas pesquisas são reconhecidas por avanços significativos na compreensão das vias de sinalização de defesa em plantas contra estresses bióticos e abióticos, incluindo a defesa contra geminivírus, estresse hídrico e os associados ao retículo endoplasmático.
Impacto de estudos e publicações recentes
Os trabalhos mais recentes de Fontes na identificação e exploração da via de sinalização antiviral mediada pela proteína transmembrana NIK1 tem o potencial de transformar a compreensão da imunidade antiviral em plantas. A descoberta de que o receptor NIK1 é ativado por vírus, bactérias e fatores ambientais, como altas temperaturas e seca, abre caminho para o desenvolvimento de culturas mais resistentes e sustentáveis.
“A nossa hipótese central seria que NIK1 funciona como um nódulo (hub) central de sinalização para o qual convergem diversos sinais de estresses possibilitando o controle de tradução e fotossíntese durante estas condições de estresses bióticos e abióticos. No momento, estamos direcionando nossa pesquisa para a descoberta dos receptores específicos que percebem estes diferentes sinais de estresses – vírus, bactérias, calor e seca – e transmitem esta informação para NIK1”, elucida Fontes. Leia mais sobre o assunto na nossa matéria sobre a nomeação de Fontes para a TWAS.
Já em 2024, a pesquisadora figura como uma das autoras do artigo Gene expression, proteomic, and metabolic profiles of Brazilian soybean genotypes reveal a possible mechanism of resistance to the velvet bean caterpillar Anticarsia gemmatalis, fornecendo insights cruciais para o desenvolvimento de culturas mais resistentes. Em dezembro do ano passado, foi lançado o livro “Plant-Virus Interactions”, co-editado por Fontes e pela cientista finlandesa Kristiina Mäkinen. A obra fornece uma orientação abrangente sobre técnicas de pesquisa em interação planta-vírus; clique aqui para ler mais detalhes e acessar o livro.
Impacto no Bioagro e além
O Laboratório de Biologia Molecular de Plantas, integrante do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Interações Planta-Praga, está localizado na sala 214 do Bioagro e na sala 226 do INCT. A equipe dedica-se à realização de estudos científicos focados nas interações entre geminivírus e seus hospedeiros, na identificação de processos de sinalização antiviral e na compreensão dos mecanismos de resistência transgênica. Sob a liderança de Fontes, o laboratório se estabeleceu como um epicentro de pesquisa avançada, abrangendo desde a virologia vegetal molecular até a genômica funcional.
Equipado com infraestrutura de ponta e apoiado pelas agências de fomento Fapemig, CNPq, Capes e Finep, o laboratório tem desenvolvido projetos inovadores que contribuem para uma agricultura sustentável, incluindo o desenvolvimento de vetores virais para silenciamento gênico e técnicas de diagnóstico molecular avançadas.
Centenas de citações ao redor do mundo
As pesquisas que contam com a coordenação ou participação de Fontes têm impacto notável, especialmente no estudo de geminivírus, cruciais para compreender doenças em plantas. O artigo mais citado da pesquisadora, segundo a plataforma Scopus – Interaction between a geminivirus replication protein and origin DNA is essential for viral replication –, investiga aspectos vitais da replicação desses vírus. Já no estudo Enhanced accumulation of BiP in transgenic plants confers tolerance to water stress, Fontes e os demais autores abordam técnicas de engenharia genética para fortalecer a resistência das plantas ao estresse hídrico, um tema urgente diante das atuais mudanças climáticas. Essas contribuições, citadas em centenas de publicações, reforçam a relevância do trabalho de Torres no desenvolvimento da biotecnologia e na proteção de culturas agrícolas.
Reconhecimento e homenagens
A nomeação de Elizabeth Pacheco Batista Fontes como membro da Ordem Nacional do Mérito Científico em 2018 e sua recente admissão na Academia Mundial de Ciências (TWAS) destacam seu prestígio no meio científico e sublinham a relevância do Laboratório de Biologia Molecular de Plantas, reconhecido como um polo de excelência em pesquisa. Além disso, Fontes foi agraciada com o título de imortal pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) em 2008.
Outras informações:
Laboratório de Biologia Molecular de Plantas – contato: (31) 3612-2469 / (31) 3612-2468