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Pesquisadora do Bioagro/UFV é nomeada para a Academia Mundial de Ciências

Bioagro comemora a nomeação da Professora Elisabeth Fontes à TWAS, um reconhecimento de sua contribuição significativa à ciência agrícola sustentável

O Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (Bioagro) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) celebra uma conquista de grande relevância no campo científico: a nomeação da Professora Elisabeth Fontes à Academia Mundial de Ciências (The World Academy of Sciences, ou TWAS). Esta honra destaca o impacto e a importância de suas pesquisas na compreensão da imunidade antiviral em plantas e na sinalização de morte celular.

Além da trajetória acadêmica distinta, marcada por publicações de grande influência e orientações relevantes, a professora Fontes coordena o Laboratório de Biologia Molecular de Plantas, parte do Bioagro e integrante do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Interações Planta-Praga. O laboratório desempenha um papel crucial em pesquisas sobre interações geminivirus-hospedeiro e resistência transgênica.

Pesquisa impulsiona inovações em agricultura sustentável

Em entrevista ao Bioagro, a professora Elisabeth Fontes destacou as pesquisas e os avanços significativos obtidos por meio delas. “A primeira fase da nossa pesquisa nos levou à descoberta de vias de sinalização que protegem as plantas contra infecções por begomovírus e condições de seca”. Essa percepção levou ao desenvolvimento de variedades transgênicas de tomateiros resistentes a esse gênero de vírus, bem como soja adaptada à seca. 

Dada a severidade do begomovírus para a cultura do tomate no Brasil, essa inovação representa um marco na biotecnologia agrícola, oferecendo novas perspectivas para o combate a pragas e doenças. “Esta nova estratégia de resistência por edição genômica tem como vantagem fundamental a possibilidade de se conseguir resistência durável e de amplo espectro contra o vírus”, explica Fontes. 

Atualmente, a equipe da professora utiliza a tecnologia CRISPR/Cas para silenciar genes de suscetibilidade em tomateiros. “Também relevante tem sido a descoberta de genes de suscetibilidade que, quando silenciados, conferem resistência a begomovírus na planta modelo Arabidopsis.”

Projetos futuros e avanços na pesquisa de imunidade vegetal

A professora Elisabeth Fontes, ao discutir projetos e linhas de pesquisa atuais, destacou a identificação da via de sinalização antiviral mediada pela proteína transmembrana NIK1 como um novo paradigma para a imunidade antiviral em plantas. Esta via é essencial na resposta das plantas aos vírus, iniciando com a percepção do vírus na membrana plasmática e levando à supressão global da síntese proteica.

Além disso, a professora Fontes adiantou que o receptor NIK1 é ativado não apenas por vírus, mas também por bactérias, que desencadeiam um mecanismo de defesa imune que, por sua vez, aumenta a resistência da planta a infecções virais. Ela acrescentou que descobertas recentes mostraram a ativação do NIK1 por fatores ambientais como altas temperaturas e seca, resultando na supressão da síntese de proteínas e da fotossíntese.

“A nossa hipótese central seria que NIK1 funciona como um nódulo (hub) central de sinalização para o qual convergem diversos sinais de estresses possibilitando o controle de tradução e fotossíntese durante estas condições de estresses bióticos e abióticos. No momento, estamos direcionando nossa pesquisa para a descoberta dos receptores específicos que percebem estes diferentes sinais de estresses – vírus, bactérias, calor e seca – e transmitem esta informação para NIK1”, elucida Fontes.

Laboratório de Biologia Molecular de Plantas

A equipe do laboratório realiza estudos avançados que incluem desde a identificação de vias de sinalização ativadas por estresses fisiológicos até o desenvolvimento de métodos para tolerância transgênica em plantas, com foco na via de sinalização antiviral NIK1.

Equipado com tecnologia de ponta, incluindo espectrômetro de massa e sistemas avançados para análises genéticas e proteômicas, o laboratório, com uma infraestrutura de 672 m², oferece um ambiente propício para descobertas científicas. Suas pesquisas abrangem áreas como virologia vegetal molecular, biotecnologia vegetal, bioinformática, proteômica e genômica funcional, destacando a importância das respostas moleculares a estresses fisiológicos no retículo endoplasmático.

Com o suporte de agências de fomento como FAPEMIG, CNPq, CAPES e FINEP, o laboratório desenvolve projetos inovadores, resultando em produtos e processos que beneficiam a agricultura sustentável. Entre suas contribuições notáveis estão vetores virais para silenciamento gênico e oligonucleotídeos para diagnóstico molecular, evidenciando o compromisso da UFV e do Bioagro com a aplicação prática da ciência.

A nomeação da Professora Fontes para a TWAS reflete o compromisso da UFV com a excelência em pesquisa e desenvolvimento, valorizando tanto suas conquistas individuais quanto o trabalho inovador do Laboratório de Biologia Molecular de Plantas, reafirmando o Bioagro como um centro de pesquisa destacado na ciência global.

Desafios e conquistas 

No contexto de sua recente nomeação e dos avanços significativos nas pesquisas em que coordena ou participa, a professora Elisabeth Fontes abordou aspectos desafiadores e conquistas alcançadas. Ela mencionou que um dos pontos importantes é a atenção à pesquisa básica no Brasil; outro é a simplificação dos processos burocráticos para aquisição de insumos – questão essencial para manter a competitividade internacional no campo da ciência.

A professora reconheceu que tais desafios são parte integrante do cenário científico nacional, ressaltando a importância de superá-los. Para isso, Fontes defende uma política de incentivo à pesquisa mais consistente, prezando desde a estabilidade de bolsistas até a disponibilidade de recursos para experimentos essenciais. Ela reforça que o campo da biologia molecular tem um vasto potencial de desenvolvimento.

Prova disso é que, mesmo frente aos desafios, Fontes celebrou conquistas importantes nos últimos anos, incluindo a publicação de suas pesquisas pioneiras em revistas científicas de alto prestígio, como Nature e Molecular Plant. Ela foi reconhecida pela comunidade científica, tornando-se membro da Academia Brasileira de Ciências, da Ordem Nacional do Mérito Científico e, recentemente, Fellow of The World Academy of Science (TWAS).

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